O refinamento do HR-V
Eduardo Rocha
O refinamento do HR-V

Sintonia fina

Honda refina o HR-V com visual renovado e mais conteúdo em toda a linha

por Eduardo Rocha

Auto Press

As vendas de SUVs já representam mais da metade total de automóveis emplacados no país. Apesar de amplo, é um segmento que valoriza mais elementos sofisticados que em outros compactos, como tecnologia, design e confiabilidade. E foram essas características que levaram o Honda HR-V a ocupa o segundo lugar nesse ranking, atrás apenas do Volkswagen T-Cross, com uma média de vendas mensais nesse ano de 5.300 unidades. Mesmo com o bom desempenho, a Honda decidiu trazer novidades para seu SUV, que tem pouco menos de três anos de lançado. Houve uma redistribuição dos equipamentos pela gama e uma discreta atualização do visual.

O preço também foi atualizado, com aumentos entre 2,5% (Touring) e 4,5% (EX). Essa diferença no índice de majoração se deve ao fato de as versões iniciais da gama terem ganhado mais equipamentos. O Honda Sense, por exemplo, agora é de série desde a versão de entrada. Na nova tabela, a versão inicial EX ficou em R$ 163.210, a EXL foi para R$ 170.900, a Advance chegou a R$ 199.400 e a top Touring, versão disponível na apresentação, alcançou os R$ 209.900. Com esses novos valores, o HR-V mantém com folga o posto de SUV compacto mais caro do mercado. E não é sem propósito. A Honda trabalha já há um tempo ganhar a imagem de marca premium.

Essa preocupação aparece no refinamento de acabamento, construção e equipamentos. Todas as versões dispõem do arsenal completo de segurança disponível no HR-V. São seis airbags, controle de descida, câmera que exibe na tela central a pista da direita quando a seta é acionada, freio de estacionamento elétrico, câmera de ré, lembrete de esquecimento uso de cinto e de objetos no banco traseiro. Em relação a recursos ADAS, o HR-V traz controle de cruzeiro adaptativo com stop&go, alerta de colisão com frenagem automática, monitoramento e centralizador de faixa e farol alto automático.

Por conta dessa intenção de refinamento da gama, a única versão com revestimento em tecido é a de entrada, EX. As demais são em couro sintético de boa qualidade. A versão EX ainda tem ar-condicionado digital com saídas traseiras, câmera de ré, rodas de liga leve de 17 polegadas, chave presencial, painel digital de 7 polegadas, faróis full led, sensor de luz, espelhos externos com rebatimento elétrico, carregador de celular por indução e central multimídia com espelhamento sem fio de Apple CarPlay e Android Auto e tela de 8 polegadas. Em todas as versões, a tela foi elevada para se alinhar ao painel, o que implicou em um redesenho do console, que ganhou um novo porta-objeto. A versão logo acima, EXL, adiciona, além do revestimento em couro no interior, faróis de neblina em led, espelho interno eletrocrômico, rodas diamantadas, sensor de estacionamento dianteiro e ar-condicionado duplo.

EX e EXL dividem a mesma motorização: motor 1.5 aspirado de quatro cilindros e 16 válvulas que rede 126 cv e 15,5/15,8 kgfm com gasolina/etanol. Ele é gerenciado por um câmbio CVT com 7 marchas pré-programadas e paddle shifts no volante e modos de condução econômico e normal. Já as versões Advance e Touring dividem a motorização mais forte da linha: motor 1.5 turbo de quatro cilindros, que rende 177 cv e 24,5 kgfm, com gasolina ou etanol. O câmbio ainda é do tipo CVT com sete marchas pré-programadas e paddle shifts no volante, mas acrescenta o modo de condução Sport. O porte do HR-V é encorpado na comparação com os rivais diretos. As versões Advance e Touring têm 4,39 metros de comprimento, com 1,59 m de altura, 1,79 de largura e 2,61 metros de entre-eixos. As versões de EX e EXL são 4 cm mais curtas, por conta do desenho do para-choque.

Em relação aos equipamentos, acrescenta rodas de liga leve de 18 polegadas, ponteiras de escape dupla, acesso aos serviços conectados do myHonda Connect e frente com grade esportiva. Já a versão de topo Touring adiciona tampa do porta-malas elétrica, banco do motorista com ajuste elétrico e detalhes visuais como piscas dianteiros sequenciais, rodas diamantadas e lanternas traseiras full led, com distribuição das luzes em linhas horizontais (Fotos de Eduardo Rocha, Auto Press).

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.5 turbo de 177 cv e 24,5 kgfm da versão Touring é muito bem dimensionado para o HR-V. Tem facilidade de movimentar o SUV de pouco mais de 1.400 kg e pode até gerar alguma emoção, caso se recorra ao paddle shift, para acordar o câmbio CVT. As acelerações e retomadas são progressivas. A sensação é de ser um carro sempre disposto a ganhar velocidade, de forma suave ou contundente, dependendo da pressão no acelerador. O câmbio CVT anestesia um pouco as reações, mas oferece muito conforto no uso. Nota 8.

Estabilidade – O HR-V Touring é eficiente tanto para filtrar as irregularidades quanto para controlar a carroceira nas curvas. Na verdade, ele se vale da arquitetura rígida para manter o controle e conjugar conforto com equilíbrio, embora as reações da traseira, com eixo de torção, sejam menos refinadas do que a imagem do carro pede. Ainda assim, é neutro nas retas, tem direção precisa e é bastante agradável de conviver. Nota 8.

Interatividade – A Honda elevou a tela da central multimídia, o que melhorou tanto a visibilidade quanto a manipulação das informações e comandos. Além disso, conta com sensores de chuva, de luz, de obstáculos dianteiro e ainda equipamentos nem sempre disponíveis em carros do segmento, como banco com ajuste elétrico e tampa da mala elétrica. Tem ainda recursos ADAS como controle de cruzeiro adaptativo com Stop & Go, farol alto automático etc. O modelo ainda oferece o my Honda Connect, com diversas funções de consulta e controle. Nota 9.

Consumo – O motor 1.5 turbo do HR-V Touring tem bom desempenho, mas cobra um preço no consumo. Segundo o InMetro, o consumo de etanol é de 8,1 a 11,5 km/h na cidade e de 9,1 a 12,9 km/l na estrada, dependendo da proporção de etanol e gasolina. Esses números são de 2 a 3% melhores que os de três anos atrás, quando foi lançado. As notas renderam nota D na categoria e C no geral. Nota 5.

Conforto –A estrutura interna do encosto análogo a costelas, já presente nos bancos dianteiros, foram estendidos aos assentos traseiros na janela, o que gera um melhor apoio e mais conforto aos ocupantes. O habitáculo é amplo na altura e o bom entre-eixos de 2,61 metros um espaço decente para quem vai atrás. O isolamento acústico é eficiente e mal se ouve sons externos. Mesmo o motor só é percebido quando é exigido e a boa combinação com o câmbio CVT gera uma rodagem bem suave. Nota 8.

Tecnologia – O HR-V é um modelo atualizado em relação aos mercados centrais, como Europa e Japão. Ele tem uma plataforma moderna, motor turbo com tecnologia flex e um bom conjunto de recursos ADAS. Traz ainda ar-condicionado duplo, tampa traseira elétrica com sensor de movimento, chave presencial, controle de descida, central multimídia com conexão sem fio, faróis full led, seis airbags etc. Nessa atualização, não houve incremento de equipamentos, mas ainda é um dos mais completos do mercado. Nota 9.

Habitabilidade – A ventilação do HR-V conta com o recurso brisa, que evita o vento direto no ocupante e distribuiu o ar de forma a criar uma cortina de ar que isolar o calor proveniente de janelas e teto. O porta-malas absorve um volume razoável, de 354 litros, mas conta com movimentação elétrica da tampa, o que é bastante prático e charmoso. O acesso ao interior é facilitado pela boa altura do carro. Um aspecto agradável é que os limpadores de para-brisa ficam ocultos quando não estão em uso, o que cria uma integração maior com a estrada. Nota 9.

Acabamento – A Honda manteve no HR-V seu tradicional bom padrão de acabamento. O design é marcado por linhas horizontais, que valorizam a largura da cabine. Tudo é elegante, com poucos elementos e texturas na combinação dos acabamentos. A elevação da tela central melhorou a visualização e criou um porta-objeto adicional no console central. O couro sintético de boa qualidade aparece nos bancos, no câmbio, no volante e apoios de braço. O ambiente traz uma certa sofisticação. Nota 9.

Design – O HR-V manteve as linhas limpas, ligeiramente esportivas, com um perfil de cupê. Na reestilização, mudou de forma sutil o contorno e a tela da grade e o para-choque. Ele traz elementos charmosos e tradicionais, como inclinação acentuada da coluna traseira a maçaneta da porta traseira camuflada. Um aspecto futurista é emprestado pelas lanternas traseiras, conectadas por uma barra iluminada internamente por led. Na versão Touring, todas as luzes da lanternas passaram a ser em led, em traços horizontais. Nota 9.

Custo/benefício – O HR-V Touring é tabelada em R$ 209.900, o que deixa o SUV mais caro que os rivais diretos a ponto de disputar com SUVs médios. Por outro lado, o conteúdo do HR-V até permite essa comparação. No segmento, sobra em conteúdo e requinte. Nota 6.

Total ‑ O Honda HR-V Touring 2026 somou 80 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Refinamento estático e dinâmico

Desde a primeira geração, o HR-V mostra os sinais que a Honda pretende ganhar uma imagem que extrapole a tradicional confiabilidade japonesa. Tanto no design quanto nos recursos, a segunda geração do crossover compacto trilhou o mesmo caminho. E o HR-V II foi tão bem pensado desde o projeto que sobrou pouca coisa para corrigir nessa segunda fase da segunda geração. A rigor, redistribuiu os equipamentos pela gama, reposicionou a tela da central multimídia e, para dar um brilho, adotou grade e para-choque redesenhados, e na versão de topo acrescentou pisca sequencial e lanterna traseira de led. E foi só. Quem não se liga em automóveis possivelmente nem vai notar essas mudanças.

O fundamental do crossover se manteve intocável. A versão disponibilizada, a top Touring, tem uma condução agradável, uma ótima comunicação entre rodas e direção, bom controle de carroceria e conta com o mesmo motor, o bem-disposto 1.5 turbo de 177 cv e 24,5 kgfm, que dá ao HR-V desempenho dos mais interessantes se comparados aos SUVs compactos rivais, ao oferecer uma relação peso/potência de 8 kg/cv. Em movimento, isso se traduz em um carro bem disposto, capaz de ganhar velocidade com facilidade em todas as situações cotidianas, sejam urbanas ou rodoviárias.

E é assim, apesar de ter o motor gerenciado por um câmbio CVT. Obviamente, com o refinamento dos controles eletrônicos, o desempenho desse tipo de transmissão evoluiu muito. Esse CVT do HR-V tem relações iniciais curtas, que eliminam a famigerada sensação de se estar acelerando um scooter nas arrancadas e retomadas. E há uma boa interação com o condutor, tanto pela pressão no acelerador quanto pelo uso dos paddle shifts, que passeiam por sete marchas pré-programadas. Uma característica interessante é que o software do câmbio mantém a relação quando o acelerador é liberado de forma abrupta, seja numa entrada de curva, seja numa descida.

Por dentro, o novo HR-V tem um ambiente agradável e amplo. O sistema de climatização tem uma excelente distribuição, o novo posicionamento da tela da central multimídia melhorou a interação com o motorista e ainda criou um novo nicho para objetos no console frontal. Os acabamentos são de boa qualidade, com revestimentos soft touch em todas as áreas de toque. E é muito fácil de familiarizar com a operação do modelo, pois os comandos são bem posicionados. E são muitos, inclusive alguns recursos ADAS bem desejáveis, que têm intervenção discreta e elegante. Bem no estilo desse HR-V.

Ficha técnica

Honda HR-V Touring 2026

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.497 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, sobrealimentado por turbocompressor com intercooler, comando duplo no cabeçote e comando variável de válvulas na admissão e no escape. Acelerador eletrônico e injeção direta de combustível.

Transmissão: Transmissão continuamente variável (CVT) acoplada por conversor de torque com sete marchas pré-programadas e paddle shifts no volante. Tração dianteira. Controle eletrônico de tração e de descida.

Potência máxima: 177 cv a 6 mil rpm com gasolina e etanol.

Torque máximo: 24,5 kgfm entre 1.700 e 4.500 rpm com gasolina e etanol.

Diâmetro e curso: 73,0 mm X 89,5 mm. Taxa de compressão: 10,6:1.

Aceleração de 0 a 100 km/h: 8,9 segundos.

Velocidade máxima: 200 km/h.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson. Traseira por eixo de torção. Controle eletrônico de estabilidade.

Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD, assistente de partida em rampa, controle de descida e sistema de frenagem autônoma.

Pneus: 215/60 R17, com monitoramento de pressão.

Carroceria: Utilitário esportivo em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,39 metros de comprimento, 1,79 metro de largura, 1,59 metro de altura e 2,61 metros de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.

Peso: 1.408 kg.

Capacidade do porta-malas: 354 litros.

Tanque de combustível: 50 litros.

Produção: Itirapina, São Paulo.

Preço da versão Touring: R$ 209.900.

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